quarta-feira, 31 de março de 2010

Fussball

(Clique para ampliar)

É um time do interior, orgulhosamente uniformizado dos pés à cabeça.

Foto de c. 1920, em Nova Petrópolis, RS (Linha Imperial)


Estranhamos o listrado, mas era comum na época, tal como o uso de gorro.



Pesquisando sobre a evolução da bola de futebol e uniformes, encontramos a curiosa razão do gorro.

Até as primeiras décadas do século XX, a bola era feita de couro e tinham uma abertura por onde entrava uma câmara de ar de borracha.

Essa abertura era depois costurada com cadarço. Para proteger a cabeça nos cabeceios, fazia parte dos uniformes o gorro. Compare com o primeiro time do 15 de Novembro, de Campo Bom-RS, fundado em 1911. Observe que tambem usam gorro.

A bola utilizada na Copa do Mundo de 1930 ainda tinha esta costura externa. Já na Copa de 1950, a costura da bola já era interna e não havia mais a abertura e o cadarço.

Naquele tempo, e até minha própria infância, utilizavam as palavras do inglês. Corner, para escanteio; off side (ofsáid) para impedimento, match (métch) para um jogo, por exemplo.

Observando a foto, será que jogavam 5-3-3 ou 3-3-5 ?!

Na foto está meu avô Albino Ruschel,(filho de Francisco, por sua vez filho de Johann=João que foi o terceiro filho do patriarca Sebastian).

Este meu avô tocava trombone, em banda que animava festas, e também bailes no salão do comerciante Wenzel Wazlawick.

A cerveja certamente vinha dos Ruschel de Feliz, relativamente próxima.

Ah, sim, os campos de futebol (foot-ball, Fussball em alemão) costumavam ser em

potreiros. Na foto pode-se ver a cerca de arame nos fundos.

Adotarem esta novidade nada tem a ver com assimilação ao “pais do futebol” que as condições atuais possam sugerir. Ao contrário, tem a ver com as contribuições de alemães aos esportes no Brasil, incluindo o futebol. E neste caso, evidencia-se ainda o entrosamento entre colonizações vizinhas. Cabem bem as histórias dos primeiros clubes de futebol na cidade de Rio Grande e a do Grêmio em Porto Alegre. Outrossim, da SOGIPA para esportes em geral. Isto tudo no contexto existente na virada dos séculos XIX e XX, quando havia predomínio de alemães e ingleses no comércio e indústria em cidades do sul. Sobre este tema é oportuna a leitura sobre a “via platina” da entrada do futebol no RS. Do mesmo autor, outro artigo que realça a contribuição alemã. Abordei o assunto de forma mais ampla em postagem antiga, em outro blog.

(Sobre alemães sudetos, como minha bisavó Maria Augusta Hillebrand, veja neste outro blog, Sudetos  e sudetos)

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